domingo, 30 de março de 2008

DISTRAIDA...Meu jeito de ser

...Tudo foi simples. Foi somente uma demonstração de amor muito original do Professor, D. Vera, dos funcionários, meus filhos e meia dúzia de amigos no dia do meu aniversário. Eu fico sem graça e sem jeito, pois sou muito desatenciosa. Quase nunca lembro, é um horror! Quando vejo tanto carinho que me dão no meu aniversário, vejo que nada fiz pelos aniversários dos outros e me sinto envergonhada disso. No último aniversário de Viviane, ela ligou já pela tarde, dizendo para eu não deixar de vir na casa dela à noite. Para quê? Aconteceu alguma coisa? E ela disse – Mãe, é meu aniversário... Eu chorei no telefone, pois não era a primeira vez que eu fazia isso com ela. Em outubro estava na casa da minha sogra no Rio Grande do Sul, contando os dias para ligar para Junior exatamente no dia do aniversário dele. Quando liguei, ele disse: Mainha foi ontem... o de Jorginho nem se fala... Eu sou uma autêntica DESLIGADA. Meu marido dizia que eu só não perdia a cabeça porque estava grudada no meu pescoço. Meu apelido é furacão porque levo tudo na minha frente. Vivo com braços e pernas roxas de tanto que ando me batendo em coisas e caiu com freqüência porque não enxergo buracos e pedras. A mãe de Airton Senna numa entrevista dizia que ele derrubava tudo, era extremamente desligado, derramava café, sorvete, topava nas coisas etc. Só depois ela descobriu que ele era assim por ser muito veloz. Eu tenho tudo disso. Nunca faço uma coisa só. Em casa ligo as 06 bocas do fogão, com panelas com água para arroz, feijão, verduras, macarrão, café, e a outra para todas elas quando vão precisando. Ao mesmo tempo que coloco roupa na máquina, e enquanto saiu do banheiro para sala já vou com a vassoura e o pano úmido nos pés já passando no chão. Ao mesmo tempo, com o som ligado danço, arrumo as camas, passo roupa. Volto para cozinha, vou mexendo a comida e lavando a louça. Volto para o banheiro já suada e enquanto lavo o banheiro, tomo banho e canto.
Aprendi a dirigir desde menina, mas o meu marido dizia que eu não dirigia bem, tentou me ensinar e desistiu, de tanto que criticou, criticou, eu terminei me convencendo que não sabia mesmo. Quando precisei viajar a serviço, contratei um motorista por 30 dias para me acompanhar e observar se eu sabia guiar um veículo. Sr. Aurélio...muito calminho dizia: “D. Núbia a senhora dirigi muito bem, mas precisa desviar dos buracos”...
Saindo de uma loja, onde tinha estacionado na época meu fusca branco, abri a porta, sentei no banco e bati a porta: Só aí me dei conta que o banco do carro não era o meu. Neste outro carro não tinha nenhuma maçaneta das portas nem dos vidros. Tudo fechado fiquei presa, fazendo sinal para quem passava na calçada para abrirem a porta por fora. Fiquei uns dez minutos até que apareceu um voluntário. Meu fusca estava atrás.
Vindo da Faculdade, havia uma carreta estacionada numa rua deserta, achei distraidamente de passar entre a carreta e a parede, somente depois percebi que estava muito escuro, no meio me bati com um homem que me agarrou pelas costas e eu num golpe mágico, joguei o homem no chão. Ainda saí caminhando e só fui correr na avenida iluminada...
Outra vez na rodoviária entrei num ônibus que ia para Candeias lado oposto de Camaçarí que era meu destino, Uns 60 quilômetros. Durante toda viagem eu via a linda paisagem e dizia para mim mesma. “Veja só! passo todos os dias por aqui e somente hoje estou vendo a beleza desta paisagem”. Quando o ônibus estacionou me vi numa rodoviária completamente desconhecida... era de Candeias...
Num Congresso uma vez na hora do intervalo joguei cinza de cigarro no copinho de café de um senhor, super educado... Ela puxava o copinho e eu ia com o cigarro em busca...Que vergonha!
Um dia D. Vera quis almoçar fora e me convidou para uma comida à quilo. Já com a bandeja, com o prato, uma sobremesa e um copo de suco, tropecei numa cadeira, sai rodando segurando a bandeija de uma lado para outro, desviando aqui e ali e dos que já estavam sentados e terminei caindo exatamente na mesa que o Professor estava sentado. Ele dizia para mim: “Não fale comigo, eu não te conheço”. Enquanto D. Vera tentava apaziguar a situação meu coração batia a mil por hora.
Um dia no Banco ao estacionar o carro o Professor disse: Saia com cuidado, logo aí tem uma boca-de-lobo. Bem ele não fechou a boca, eu havia caido dentro.
Engraçado foi na rodoviária esperando revelar umas fotos. Sentei-me numa mesa. Sentou um rapaz também nesta mesma mesa tomando uma cerveja em lata e um sanduíche. Quando me levantei, levei cerveja, com sanduíche, mesa e tudo. Aí o rapaz falou numa graça: É um furacão? Eu morri de rir.
Abro a porta do nosso apartamento, esqueço a chave na porta e depois quando entro fico louca procurando a chave. Já achei carteira de cigarro no congelador. Feijão, arroz e carne que faço sempre tem gosto de queimado. Já cheguei no trabalho com touca na cabeça, E um dia, chegando no trabalho, ar condicionado forte, sentí um frio diferente debaixo da saia, aí foi que me dei conta: esquecí de vestir a calcinha.
Para controlar essa maluquez, criei hábitos com tudo. Contar as bocas do fogão antes de sair para ver se tem alguma aberta. Antes de abrir a porta para sair, confiro se estou vestida, para entrar no carro confiro a placa,, etc.
Só sei viver nesta velocidade... Tenho que puxar vez em quando o meu freio de mão em tudo.
Este é o meu lado maluco e disperso. Já ouviu aquela música que diz: O ACASO VAI ME PROTEGER ENQUANTO EU ANDAR DISTRAIDO...
É bom a gente passar pela vida sem se ligar muito nas coisas...A vida vai passando e a gente também na velocidade da nossa adrenalina. Muito devagar cria monotonia, tristeza. Na velocidade a gente anda mais, conhece mais coisas, agita, Muito devagar a gente enferruja, cria limo.

terça-feira, 18 de março de 2008

Um presente muito especial

Somente quem gosta de escrever, sabe o que representa receber de presente um notebook. Para comparar, é como se eu, aos 7 anos de idade, tivesse ganhado a minha primeira boneca. Confesso que foi assim!
O detalhe mais importante deste fato, foi o gesto de amor do filho. Para uma mãe nem se pode medir tamanha felicidade. Nem fiz conta do que custou, pois eu mereço e dinheiro bem empregado é aquele que contribui para a nossa paz. Considero a felicidade dos meus filhos quando fazem algo para me ver feliz, igualzinha a felicidade que sinto quando recebo. Feliz deles que têm ainda uma mãe para sentir o prazer em agradar e eu como mãe sou muito grata por ter filhos tão generosos.
Sempre demonstrei o amor pelos meus filhos de forma exagerada, errei por excesso de amor e abdiquei muitas coisas durante a minha vida, para preservar a nossa amizade, respeitando a individualidade deles, mesmo quando ainda crianças. Fui mais amiga que mãe. Confiei a Deus o difícil papel de protegê-los dos perigos, já que eu estive trabalhando muito ausente de casa, mas nas poucas horas de convivência procurei estar com muita qualidade, compartilhando bons momentos, dividindo os problemas também e repassando meus conhecimentos adquiridos ao longo da vida. Conversamos muito, sorrimos de coisas bobas, brigamos sem receios, dançamos, passeamos, fizemos milhares de planos e nos momentos difíceis estivemos sempre muito unidos, sentindo as mesmas dores, cada um querendo poupar mais o outro. Disso eu me sinto orgulhosa. Cada um de nós, muito cedo, teve que tomar seu rumo. Fomos acostumando a viver cada um pro seu lado. Não existe cobrança, nem mágoas caso caia no esquecimento as datas de aniversários... e nem obrigatoriedade para se estar contando tudo que se passa na vida de cada um, ou visitando um ao outro com freqüência regular, mas a certeza de que o nosso amor é grande e que somos uma família de verdade, para estarmos juntos no que der e vier, não temos nenhuma dúvida!
Como toda mãe, diariamente quero saber onde eles estão, o que fazem e aproveito na ligação para abençoar os meu queridos filhos, netinha, genro, norinhas e sempre repetindo a mesma frase: “EU TE AMO!”
Muito obrigada meu amado filho Jorginho!
Núbia Parente – 18/03/2008

quinta-feira, 13 de março de 2008

QUIMIOLUMINESCÊNCIA

Para mim tem uma coisa, que dá mais vida, que qualquer coisa vivida। E essa coisa é a poesia!

Existe um fenômeno da quimioluminescência, que acontece comigo, sempre que o amor me provoca alguma reaçãओ química: EU ME SINTO ILUMINADA.

Veja esta de Machado de Assis:

Círculo Vicioso

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
"Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

"Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que, da grega coluna ou gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela"
Mas a lua, fitando o sol com azedume:

"Mísera! Tivesse eu aquela enorme, janela
Claridade imortal, que toda a luz resume"!
Mas o sol, inclinando a rútila capela:

Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta luz e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?"...
____________________________________

E eu inspirada, como estou, quero responder ao Sol...

" Sol! melhor que ser um vaga - lume, é ser Núbia que não deseja ser uma estrela e muito menos deseja ser um sol, pois ao sentir o amor no coração, एस्ते provoca uma quimioluminescência e da sua luz, ela mesma se ilumina e se contenta ".
Núbia Parente - 13/03/2008



quinta-feira, 6 de março de 2008

VIDA

Seja a vida cor de rosa
Ou seja uma cruz de espinhos
Vou cantar em verso e prosa
As pedras dos meus caminhos.

Nubia Parente, 06/03/2008

quarta-feira, 5 de março de 2008

SAUDADE

Quando esta saudade mostra teu rosto
Neste silêncio triste de sua ausência
A vida fica sem sal e sem gosto,
Sem norte, sem sul e sem referência.

Quando nas lembranças você aparece
De olhos sorrindo, querendo ficar
Mais tempo, enquanto seu abraço me aquece
É tanto amor que nem sei te explicar!...

Mesmo por um minuto te quero
E por uma vida inteira te espero
Por favor! Não esqueça de mim...

Vivo regando a esperança do amor
A sentir esta saudade sem dor
E no meu coração, um querer sem fim.

Nubia Parente, 05/03/2008