sábado, 22 de agosto de 2009

MEUS TEMPOS DE BOM CONSELHO - EDNA BORGES - 1o. Encontro de Confraternização Cicerodantense - Festa de Agosto 2009.

Eis que em 1960 o Ginásio do Instituto Bom Conselho abre suas portas para nossa região e deste sertão agreste nasceu uma flor de cactus transformando a vida de inúmeros jovens em chuvas de oportunidades com a semente da educação implantada pelo Padre Renato Galvão, fazendo prevalecer à cultura e a busca de novos horizontes. Embalados pelas metódicas aulas do professor Manuel, pelas teses históricas de Evaldo Campos, pelas aulas de Português, Literatura e Francês de Ubiratan Mendes, a Matemática de Zé Francolino e a alegria contagiante de Eronildes Amaral. Zelito Gouveia ensinando Inglês e Gícia Marly, Iramê, Maria do Carmo Sabiá como tantos outros que nos ajudaram a construir caminhos para o futuro.
Cícero Dantas é a terra mãe de Fátima, portanto muitos laços nos unem através de usos e costumes, crenças políticas, comércio, grau de parentesco e amizades construídas desde os tempos de colégio. Foi tudo tão divertido! Colegas comungando os mesmos ideais, colegas descobrindo os sonhos adolescentes, colegas brincando, rindo, estudando, falando de amor... É tão bom lembrar-me de Carmelita Fontes, Neuma, Elide, Wallace, Marleide, Angélica, Ademilde, Bernadete, Simininha, Zé Carlos, Leda e demais amigos que fizeram parte de uma turma onde tudo foi encantador.
Em 1963 fui a Cícero Dantas prestar o tão difícil exame de Admissão ao Ginásio. Passei!... Continuei meus estudos e fui morar na Rua do Juá com a família de Maria Borges que já hospedava minha prima Eusa. Na casa de Tia Maria cultivei valores e aprendi valiosas lições. Amei!...
Com minha prima Iracema Borges e demais amigas apreciávamos as estrelas e o luar e sentadas na calçada falávamos de contos de fada, de assombração, cantávamos, construíamos castelos como também admirávamos famílias que se destacavam por seus valores sociais e morais. Das minhas lembranças em forma de saudade surge Agenor Barbeiro e sua hospitalidade, Joaquim Batista e sua numerosa prole, Celerino Venceslau sempre solidário, Antônio de Augustinho e sua bodega, João de Zeca e D. Lourdes com sua amizade, os Vieiras e a política, Paulino, o enfermeiro, Gilson do Correio, D. Mem, a professora, Mercê e Ozinha, Rafael Pires, Gracinha e Zé de Bispo, Alaíde de Nezinho Militão, Bilico e sua pensão, Isaac Gouveia e seu hotel, Zé Canário, Joãozinho Feitosa, D. Rosália Feitosa, Dr. Bernadino, Zezè Marcelino, Rosalina e Pedrinho da casa de peças, Lia e Lica Quelemente, Terezinha e Tota, Goiabinha,Seu Antônio Cardoso, Messias Beto, a família de Zé de Chico... São tantos amigos que mencioná-los torna-se impossível. Tudo era tão difícil! Ia em casa apenas nas férias e tinha que reservar a vaga no Jeep de João Elizeu quinze dias antes da partida para o tão sonhado colo materno.
Na Rua do Abrigo passeávamos de braços dados e era uma verdadeira animação. Passavam muitos carros, pessoas indo e vindo, dividindo sonhos e acalentando projetos de vida como também saboreando a descoberta do futuro numa época em que tudo era proibido, mas que favoreceu as conquistas políticas, a boa música, os movimentos estudantis e artísticos, tornando-se exemplo de cultura, civismo e cidadania para a geração atual.
Na Rua de Lá como era chamado o comércio tudo era elitizado e a loja de Jove de Bento fornecia os tecidos da moda deixando as mocinhas ainda mais faceiras. Na sapataria de Mandu tudo era muito fino. Os adereços de ouro era com Seu Nicodemos, Seu João Ourives e Maria do Ouro. E a tão almejada festa de agosto da devoção de Nossa Senhora do Bom Conselho, do Parque de Diversão, da Marinete de Zé Mendonça passeando pelas ruas da cidade e dos grandes bailes na Associação Recreativa Bonconselhense era só alegria para os devotos nas noites frias de Cícero Dantas, porém aquecidos pela fé na certeza de que tudo foi em paz.
Como esquecer o jardim suspenso da praça da igreja, as matinês dançantes, Os Picolinos lançando o Twist na pista de dança, a Festa das Rosas, a Festa Rubra, o cinema, o Jazz de Paulo Apaulistana, a Filarmônica sob o comando de Seu Tão e a presença marcante de Botinha, o sítio ao lado do ginásio, as festinhas no Bar de Carlito, Cenzinha e suas canções, a Feira Chiq para angariar donativos para a igreja matriz, os desfiles de 7 de Setembro, as comemorações da Semana Santa e a melodiosa voz de Edma Gama e Luci cantando a Ave Maria?
O meu retorno ao passado é regado por uma doce saudade, causando-me certo contentamento, pois reviver bons tempos faz das lembranças um agradável recomeço. Aqui estou chamando o ontem através de uma canção imaginária cujo nome é RECORDAR, na certeza de que amanhã haverá a alegria do reencontro, pois já estou preparando o abraço para colher a boa semente que foi lançada pela numerosa família do antigo Ginásio do Instituto Bom Conselho produzindo milhões de sorrisos, de solidariedade, de progresso e de uma eterna amizade.
Cumprimento carinhosamente Cícero Dantas de outrora, de hoje e de sempre.
EDNA BORGES
Fátima, 10. 08. 09

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